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segunda-feira, 5 de maio de 2025

CANTE ALENTEJANO: Cuba é um dos berços!

A ALMA QUE SE SENTE NA VOZ

Falar de Cuba é falar do Cante Alentejano. É impossível falar deste património cultural da humanidade sem mencionar o concelho de Cuba que tem hoje, por mérito próprio, o reconhecimento público da sua importância na história do Cante Alentejano sendo reconhecida como a Catedral do Cante.

Embora desvalorizada por estudos etnomusicólogos, em oposição à aparente homogeneidade do Cante Alentejano continia a persistir a opinião popular de que o Cante Altenjano surge dividido por dua grandes áreas: a margem esquerda e a margem direita do rio Guadiana e do seu vale, configurando-o como uma fronteira natural que contribuiu para que o canto polifônico nascesse e crescesse adquirindo idiossincrasias em função das especificidades dos territórios. 

Na margem direita é Cuba que se destaca com as modas mais pesadas, as modas de barro, mais difíceis de cantar e associadas aos barros de Beja - terras em torno daquela cidade que são difíceis de trabalhar. A respiração mais ofegante, os compassos mais lentos e arrastados, a alma que se sente na voz... caraterizam este cante singular e único: O Cante da Cuba.

As modas são de raiz popular, são a expressão da ficionomia da pisagem e da maneira de ser, de estar e de sentir do povo alentejano. São gritos de exteriorização do sentimento das nossas gentes. São o retrato fiel de cenas do quotidiano e sempre num estilo silábico, exprimem sentimentos - o amor, a paixão, a saudade, a tristeza - respeitando o nosso andamento característico onde a ornamentação vocal do alto é projetada, claramente, acima do coro, constituído por vozes marcadas pela dureza do trabalho no campo e pelas amarguras da vida. 

Com a mecanização dos trabalhos nos campos do Alentejo, esta manifestação cultural passou a ter como único palco espontâneo as tabernas e adegas, onde os homens, em momentos de confraternização à volta de petiscos e do vinho, continuaram a dar voz ao que lhes ia na alma, contribuindo desta forma uma salvaguarda mútua de dois patrimónios que tão bem caracterizam a forma de estar do nosso Povo.

Enquanto herdeiros deste património invejável cumpre-nos preservá-lo, em homenagem e agradecimento a todos os Cantadores e Cantadeiras que contribuíram oara a sua preservação e garantir assim que este Povo resiliente jamais se calará perante a adversidade.

Citando Michel Giacometti - "Povo que canta não morrerá"!

Texto de João Português, Presidente da Câmara Municipal de Cuba.

Publicado no livro Cante Alentejano - Cancioneiro Ilustrado - de Fernando Estevens.

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